Na sexta-feira, 18 de julho de 2025, o ex-presidente americano e pré-candidato à Casa Branca, Donald Trump, reforçou, durante evento na Casa Branca, que o grupo BRICS — formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países que aderiram posteriormente como Irã e Indonésia — enfrentaria uma “queda rápida” caso tentasse desafiar a supremacia do dólar ou apresentasse uma estrutura relevante.
Ameaça de tarifas e defesa do dólar
Trump confirmou a política anunciada em 6 de julho: qualquer país do bloco que se alinhar a políticas “anti-americanas” ou desafiar a moeda norte-americana terá uma tarifa adicional de 10% sobre suas exportações. Segundo ele:
“Quando ouvi sobre esse grupo do BRICS, seis países, basicamente, eu os ataquei com muita, muita força. E se algum dia eles realmente se formarem de modo significativo, isso acabará muito rapidamente.”
Ele também ironizou o encontro recente do bloco no Rio de Janeiro, afirmando que “quase ninguém apareceu”, expressão que ele usou para ilustrar como sua postura teria enfraquecido a união do grupo.
Contexto do embate
O BRICS tem discutido a criação de instrumentos financeiros alternativos ao dólar, como uma moeda comum, sistema de pagamentos (“BRICS Pay”) e utilização de moedas locais nas trocas comerciais. Essas iniciativas são vistas como uma tentativa dos países-membros de reduzir a dependência do sistema monetário e financeiro liderado pelos EUA.
No entanto, sob a liderança de Trump, Washington reforça que não tolerará nenhuma ação que ameace o papel global do dólar. O ex-presidente deixou claro que a implantação de uma “moeda BRICS” ou qualquer sistema que aponte na direção da desdolarização será repelida com medidas comerciais duras.
Reação e repercussão
Líderes dos países do BRICS têm afirmado que buscam somente fortalecimento do comércio em moedas locais, não uma ruptura com o dólar. Ainda assim, o temor de retaliações econômicas e tarifas rígidas pode afetar o progresso de propostas que visam a integração financeira no bloco.
Por ora, o Brasil, mesmo tendo cogitado uma moeda própria para as transações BRICS durante sua presidência de turno, abandonou essa ideia. O foco permanece no avanço de sistemas como o BRICS Pay, que permitiria transações sem o dólar, mas sem comprometer a hegemonia financeira dos EUA.
O que isso significa para o futuro
- Tensão crescente: A ameaça tarifária eleva as tensões geopolíticas e acirra o enfrentamento entre o bloco emergente e os EUA.
- Estratégias alternativas: os países do BRICS continuam à procura de mecanismos para diversificar seu comércio, mesmo sob risco de retaliações.
- O jogo do poder monetário: A disputa pela moeda de reserva global reflete uma batalha por influência econômica e política no pós-guerra fria.
Este cenário evidencia uma encruzilhada histórica: de um lado, o esforço do BRICS para criar meios de transações que fujam ao dólar; do outro, a negativa americana em abrir mão de seu poderio econômico. O futuro das relações internacionais e comerciais globalmente pode vir a ser moldado por essa disputa entre integração multipolar e manutenção do atual ordenamento financeiro.